domingo, 16 de janeiro de 2022

Breve descrição dos 28 discípulos de Buda mencionados na assembleia do Sutra do Lótus

1-  Introdução 

Com o intuito de descrever brevemente os 28 discípulos discriminados no Capítulo 1 (Introdução) do Sutra do Lótus, foi organizado um trabalho que contivesse a imagem e a apresentação deles. Nesta postagem, não temos a intenção de detalhar suas biografias, mas apenas elucidá-las. Pela dificuldade de encontrar todas as imagens, não foi possível seguir um determinado padrão, sendo necessário juntar imagens em forma de desenho, pintura e estátua de diversas regiões, entre as quais, Japão, Tibete, China e Tailândia.   

O trecho do Sutra do Lótus que menciona de forma personalizada seus discípulos, conforme a tradução de Tola e Dragonetti, diz:

A Grande Assembléia de Buda constituída por seus Discípulos, Bodhisattvas, Deuses, seres extraordinários etc.

Eis o que ouvi dizer. Em certa ocasião o Bhagavant encontrava-se em Rājagriha na montanha Pico do Abutre junto com um grande grupo de monges, com mil e duzentos monges, todos eles Arhant com suas impurezas destruídas, livres de erros, controlados, com suas mentes completamente liberadas, com suas inteligências completamente liberadas, grandes elefantes de nobre raça, que haviam feito o que tinham de fazer, que haviam cumprido seu dever, que haviam abandonado sua carga, que haviam alcançado seu próprio bem, cujas ataduras que os amarravam à existência haviam sido completamente destruídas, cujas mentes estavam completamente liberadas graças ao Conhecimento, que haviam alcançado a Suprema Perfeição graças ao controle de toda a sua mente, famosos por seu Conhecimento, Grandes Discípulos, como o venerável Ajñātakaundinya, o venerável Ashvajit, o venerável Bäshpa, o venerável Mahānāman, o venerável Bhadrika, (K2) o venerável Mahäkäshyapa, o venerável Käshyapa de Uruvilvă, o venerável Käshyapa de Nadi, o venerável Kashyapa de Gayã, o venerável Shariputra, o venerável Mahamaudgalyāyana, o venerável Mahākātyāyana, o venerável Aniruddha, o venerável Revata, o venerável Kapphina, o venerável Gavāmpati, o venerável Pilindavatsa, o venerável Bakkula, o venerável Mahakaushtila, o venerável Bharadvāja, o venerável Mahānanda, o venerável Upananda, o venerável Sundarananda, o venerável Pürna filho de Maitrāyanī, o venerável Subhūti e o venerável Rähula

com eles e com outros Grandes Discípulos: como o venerável Ananda ainda em fase de estudos;

com outros dois mil monges alguns ainda em fase de estudos e outros não;

com seis mil monjas com Mahaprajapati à frente; com a monja Yashodhara, mãe de Rahula, com seu séquito;

junto com oitenta mil Bodhisattvas, nenhum deles disposto séquito; a retroceder, todos encadeados a um único nascimento, quer dizer: já na iminente Suprema Perfeita Iluminação, de posse de dharanis, dotados de brilhante eloqüência, que haviam posto em irreversível movimento a Roda da Lei (...)

2- Apresentação dos discípulos de Buda

Apresenta-se cada discípulo individualmente. Em seguida, será realizada uma pequena discussão e conclusão sobre o conteúdo visto neste estudo.

 1- Ājñātakauṇḍinya


Foi um dos cinco primeiros discípulos de Buda. Também, foi quem previu pela primeira vez que Śākyamuni abandonaria sua vida mundana e perseguiria a iluminação. Foi o primeiro discípulo de Buda a ser tornar um arhat.
2- Aśvajit

Foi um dos cinco primeiros discípulos de Buda. Foi o monge que teve o primeiro contato e convertou os veneráveis Shariputra e Mahamaudgalyayana.

3- Bäṣpa


Existem estudos que afirmam que foi um dos cinco primeiros discípulos de Buda, embora outros estudos mencione que um dos cinco primeiros discípulos tenha sido Daśabala-Kāśyapa. Algumas fontes mencionam o seu nome como "Vāṣpa" (trocando a letra "b" por "v").

4- Mahānāma


Foi um dos cinco primeiros discípulos de Buda e primo de Śākyamuni. Existem alguns estudos que afirmar que o Mahānāma é irmão ou meio-irmão do Venerável Ananda. O "Mahānāma Sutta" foi um ensinamento dedicado a ele.

5- Bhadrika


Foi um dos cinco primeiros discípulos de Buda e primo de Śākyamuni. Irmão de Aniruddha e filho do Rei Dronodana.

6- Mahākāśyapa


Foi um dos 10 principais discípulos de Buda. É considerado o "Pai da Sangha" por ter assumido a liderança da Sangha após o falecimento de Buda e presidiu o Primeiro Concílio Budista.

7- Kashyapa de Uruvilva

Foi um dos primeiros convertidos por Buda, junto com os seus dois irmãos Kashyapa Nadi e Kashyapa Gaya. Como os seus outros dois irmãos, realizava cultos ao fogo antes de terem sido tornando discípulo. Kashyapa Uruvilva tinha 500 seguidores que ingressaram ao budismo após a sua conversão.

8- Kashyapa de Nadi


Foi um dos primeiros convertidos por Buda, junto com os seus dois irmãos Kashyapa Uruvilva e Kashyapa Gaya. Como os seus outros dois irmãos, realizava cultos ao fogo antes de terem sido tornando discípulo. Kashyapa de Nadi tinha 300 discípulos que se converteram ao budismo logo após o seu ingresso.

9- Kashyapa de Gaya

Foi um dos primeiros convertidos por Buda, junto com os seus dois irmãos Kashyapa Uruvilva e Kashyapa Nadi. Como os seus outros dois irmãos, realizava cultos ao fogo antes de terem sido tornando discípulo. Ele tinha aproximadamente 200 discípulos, que foram convertidos ao budismo logo após sua conversão.

10- Shariputra

Foi um dos 10 principais discípulos de Buda. Alguns estudiosos afirmam que ele seria o sucessor de Buda, porém, veio a falecer antes de seu mestre. Veio de uma família de Brâmanes e desde a infância era amigo de Mahamaudgalyayana e ambos foram convertidos juntos por Asvajit. Em um episódio de cisma da Sangha provocado por Devadatta, foi responsável junto com Mahamaudgalyayana em refutar seus argumentos. Alguns estudiosos atribuem a Shariputra o desenvolvimento do Abhidharma, que é uma análise dos fenômenos mentais.

11- Mahamaudgalyāyana


Mahamaudgalyāyana é um dos 10 principais discípulos de Buda e é considerado o segundo dos principais discípulos de Buda, juntamente com Shariputra. Relatos tradicionais relatam que Mahamaudgalyāyana e Shariputra se tornam andarilhos espirituais em sua juventude. Depois de ter procurado a verdade espiritual por um tempo, eles entram em contato com o ensino budista através de versos que se tornaram amplamente conhecidos no mundo budista. Eventualmente, eles encontram o próprio Buda e foram ordenados como monges por ele. Mahamaudgalyāyana e Shariputra têm uma profunda amizade espiritual. Eles são retratados na arte budista como os dois discípulos que acompanham o Buda, e eles têm papéis complementares como professores. Como professor, Mahamaudgalyāyana é conhecido por seus poderes sobrenaturais, e é frequentemente retratado usando-os em seus métodos de ensino. Em muitos cânones budistas primitivos, Maudgalyāyana é fundamental para unificar a comunidade monástica depois de Devadatta causar um cisma. Além disso, Mahamaudgalyāyana é tido como responsável pela criação da primeira imagem de Buda. Mahamaudgalyāyana morre aos 84 anos, por conta de um atentado realizado por uma seita que tinha a Sangha como inimiga. 

12- Mahākātyāyana


Foi um dos 10 principais discípulos de Buda. Diferente de Shariputra e Mahamaudgalyayana, Mahākātyāyana não tinha habilidades de propagação do Dharma, mas sim, no envolvimento de práticas ascéticas. Uma de suas importantes características foi de destrinchar breves explicações de Buda e elaborar uma explanação mais detalhada para os demais discípulos.

13- Aniruddha


Foi um dos 10 principais discípulos de Buda. Foi primo de Śākyamuni. Alguns estudos afirmam que ele foi o responsável pelo velório de Buda. Aniruddha é mencionado em um episódio em que cochilou em uma palestra, e por este fato foi repreendido por Buda. Essa repreensão lhe gerou muito arrependimento e Aniruddha passou a praticar de forma diligente e vigorosa, chegando ao extremo de permanecer por dias acordados, sem dormir. Devido a este desgaste, acabou por perder sua visão. Sensibilizado com esse fato, Buda usou seus "poderes sobrenaturais" para recuperar sua visão, fornecendo-lhe não apenas a visão mundana, mas como a visão "celestial", permitindo que Aniruddha pudesse enxergar "a verdade". É importante que o leitor saiba que essas descrições são metafóricas e hagiológicas. 

14- Revata


Revata foi o irmão mais novo de Shariputra. Existe uma história que Revata fazia grandes caminhadas com os seus pés descalços, e que devido à baixas temperaturas, os seus pés se congelaram. Diante de seu desprendimento material, Buda permitiu que ele usasse sapatos. Outra história importante que foi mencionada à Revata, foi em relação ao seu casamento. Muitas pessoas cumprimentaram a noiva, desejando que ela tivesse vida longo como sua avó. Diante desse comentário, Revata quis conhecer a sua avó e viu que ela estava com a aparente idade muito avançada e decrépita, e refletiu que sua esposa teria provavelmente esse mesmo fim. Com essa reflexão, deixou a sua própria cerimônia de casamento e foi viver em uma comunidade de monges.

15- Kapphiṇa


Kapphiṇa foi um discípulo que compreendia ciências astronômicas e foi um grande formador de monges na Sangha. Foi rei do sul de  Kauśala, próximo da Caxemira, e recebeu como nome monástico "Mahākapphiṇa". No Sutra do Lótus, Buda profetizou que junto de outros discípulos, se tornaria um Buda chamado "Samantaprabha".

16- Gavampati

Gavampati foi um discípulo de Buda que se tornou um arhat. Junto com o Venerável Upali, foi guardião do Vinaya. Após o falecimento de Buda, Gavampati foi convidado para participar do 1º Concílio, porém, devido sua doença avançada e iminente morte, ele não pode ir, e enviou suas vestes clericais como uma lembrança aos discípulos. Existe um Sutra destinado a Gavampati, em que alguns monges seniores estavam tratando sobre Dukkha.

17- Pilindavatsa


Pilidavatsa era considerado um discípulo com altos poderes transcendentais, porém, tinha um comportamento muito arrogante e desdenhoso com outros. Diz-se que ele ordenou para a correnteza (chamando-a de "pequeno escravo") do Rio Ganjes se paralisasse para que ele pudesse passar pelo fato dele ser um Arhat. Quando Buda soube desse episódio, solicitou que ele se desculpasse ao rio. Porém, mesmo diante de Buda presente conferindo o seu pedido de desculpas, Pilidavatsa disse: "Não se ofenda com minhas palavras, pequeno escravo!". Devido a isso, o significado de seu nome é "hábitos de sobra", e quando Buda percebeu sua arrogância, retirou os poderes transcendentais de Pilindavatsa. Também lembrem, prezados leitores, que os poderes transcendentais que Buda menciona são metafóricos, pois, a doutrina budista não faz menção a nenhum poder "mediúnico" ou "paranormal". 

18- Bakkula


A origem do nome de Bakkuhla é "duas famílias". Conta-se que ele estava sendo banhado por sua enfermeira nas águas do Yamuna, quando escorregou e foi engolido por um peixe. O peixe foi capturado por um pescador e vendido para um político de Benares. Quando o peixe foi cortado, percebeu-se que havia uma criança. Nisso, o pai que encontrou a criança pediu para auxiliar na criação do menino, por isso seu nome é traduzido como "duas famílias". Menciona-se que Bakkula conheceu Buda apenas depois de seus 80 anos. Lembre-se que trata de outra bela história mítica.

19- Mahākauṣṭhila


Mahākauṣṭhila tinha inúmeras dificuldades para compreender profundamente o Dharma. Em uma determinada audiência do Dharma, Mahākauṣṭhila não foi convidado para participar e a falta do convite o deixou muito decepcionado, pensando que ele não tinha vocação para ser religioso. Devido a este a fato, ele chegou a preparar uma corda em uma árvore para se enforcar. Prestes a cometer o suicídio, Buda apareceu no local em que ele estava, quando Mahākauṣṭhila levou um susto e caiu antes de ter cometido o ato. Buda disse em seguida, que em uma vida anterior Mahākauṣṭhila era um monge excepcional, porém, não compartilhava os seu conhecimentos com as pessoas e que como castigo, ele teria essa dificuldade de compreensão em sua vida presente. Quando Buda proferiu essas palavras, Mahākauṣṭhila passou a se concentrar melhor em suas práticas e alcançou a iluminação. Os leitores não podem pensar que as vidas "anteriores" sejam como "reencarnação", pois a doutrina budista nega esta possibilidade. Em outros estudos, mencionaremos a interpretação budista sobre "cadeia de nascimento e morte".

20- Bharadvaja

Bharadvaja foi um importante arhat que junto com Ananda pregaram o Dharma às mulheres do palácio de Udena em duas ocasiões distintas. Existe um episódio em que Buda o repreendeu por ele usar seus poderes psíquicos junto à pessoas simples e humildes. Os leitores podem interpretar "poderes psíquicos" como conhecimentos avançados sobre o comportamento humano e/ou sobre a doutrina do Dharma.

21- Mahanānda

Em alguns estudos, afirma-se que Mahanānda assumiu o trono de Śākyamuni quando ele deixou a vida secular, pois era seu primo. Porém, alguns anos depois, Śākyamuni chamou Mahanānda para se tornar seu discípulo e ele resistiu em aceitar por ser apaixonado por sua esposa. Pelo fato desse assunto ter caído no ouvido de outros monges, Mahanānda ficou envergonhado com os seus motivos egoístas e passou a praticar o Dharma com diligência, alcançando o estado de arhat.


22- Upananda
(sem imagem)

Upananda era um discípulo que tinha habilidade em pregar o Dharma com excelência. Porém, quando ele visitava os mosteiros, ele tinha o hábito de se apropriar dos itens de práticas de outros monges. Em um determinado episódio, dois monges estavam disputando uma veste de veludo, e como não estavam chegando em um acordo, Upananda deixou um roupão para cada monge e levou a veste preciosa consigo. Descontentes com a decisão de Upananda, os dois discípulos foram reclamar com Buda, que disse para eles que Upananda não praticava o que ele pregava.

23- Purna


Purna foi um dos 10 principais discípulos de Buda. Veio de uma família com boas condições, mas preferiu se refugiar em Buda. Purna era um dos principais pregadores do Dharma e admoestava os monges para agirem com retidão, de acordo com a doutrina budista. Dessa forma, ele conseguia sensibilizar diversas pessoas a seguirem os ensinamentos de Buda. Em um determinado momento, Purna se motivou a desenvolver atividades missionárias em Sudana. Buda foi reticente em permiti-lo ir, porém, devido a motivação de Purna, o deixou ir. Chegando em Sudana, teve dificuldades em transmitir o Dharma, pelas condições de vida serem extremamente precárias. Para lidar com isso, Purna instruiu as pessoas de Sudana a lidarem com suas questões mundanas, como cuidar da casa e desenvolver atividades de agricultura, e à noite conversava sobre os Cinco Preceitos e Karma. Com essa dedicação, conseguiu converter 500 discípulos em Sudana.

24- Subhuti 

Subhuti foi um dos 10 principais discípulos de Buda. Nasceu em uma família rica e deixou sua vida para tornar-se um eremita. Quando foi ordenado, Subhuti teve uma vida reclusa na floresta para alcançar o estágio de arhat. São citados nos textos canônicos uma passagem em que Subhuti visitou o rei Bumbisara e que ele prometeu em construir uma cabana para ele realizar suas meditações. Porém, o rei se esqueceu de construí-la e com isso Subhuti tinha que meditar ao ar livre. Pelo fato de Subhuti ser muito virtuoso, o fato do rei não ter construído a cabana acabou implicando em seu reinado ficar sem chuva. Assim que ele lembrou e Subhuti sentou-se na cabana para meditar, a chuva se iniciou no mesmo instante. Prezados leitores, a relação de causa e efeito da chuva com a construção da referida cabana, também é metafórica.

25- Rahula


Rahula foi o único filho de Buda junto com a princesa Yasodhara e um dos 10 principais discípulos de Buda. Consta em alguns textos budistas que Rahula nasceu no dia em que Buda abandonou sua vida de príncipe para se tornar um asceta, justificando a tradução de seu nome que significa "Obstáculo", no caso, à iluminação. Porém, a hipótese mais provável é que Buda partiu para sua vida espiritual antes do nascimento do filho. Quando Rahula estava no início de sua adolescência, Buda retornou ao palácio, e Yashodara solicitou para que pedisse ao Rei Suddhodana que nomeasse Rahula como príncipe. Porém, Rahula preferiu seguir Buda para obter a "herança que nunca perece". Rahula foi o primeiro śrāmaṇera (monge novato) a ser ordenado. O nascimento de Rahula sugere a reflexão de que as crianças podem ser consideradas como um obstáculo à iluminação, ao mesmo tempo que representa uma pessoa com a iluminação em potencial. 

26- Ananda


Ananda foi um dos 10 principais discípulos de Buda. Foi um primo mais novo de Buda e teve diversos atributos importantes na Sangha. Um deles foi o papel que desempenhou como assistente pessoal de seu mestre, cuidando dos assuntos mundanos para que Buda tivesse melhores condições de ensinar o Dharma. Ananda teve um papel importante em encorajar Buda para que ele ordenasse as primeiras monjas. Pouco antes do falecimento de Buda, foi Ananda que ouviu as últimas instruções do Dharma. Outra característica muito importante de Ananda era a sua memória muito bem desenvolvida, que foi capaz de preservar e transmitir diversos ensinamentos após o falecimento de Buda.

27- Mahāprajāpatī

Mahāprajāpatī era tia e mãe adotiva de Buda. Quando a mãe de Buda faleceu (Māyā) tornou-se esposa de Shuddhodana, pai de Buda. Após o falecimento de seu então marido, Mahāprajāpatī desejou tornar-se monja. Com muita relutância de Buda e com apoio de Ananda, ela foi admitida para ser a primeira freira budista.

28- Yashodharā


Yashodharā foi esposa de Śākyamuni antes de sua renúncia à vida mundana. Conforme as escrituras budistas, era uma mulher muito bonita. Com a partida de Buda de seu principado, Yashodharā converteu-se aos ensinamentos budistas, tornando-se freira.

3- Discussão e Conclusão

Algumas reflexões podem ser feitas após a apresentação dos discípulos descritos na Introdução do Sutra do Lótus. É interessante observar que os cinco primeiros discípulos mencionados na assembleia por Buda foram os primeiros convertidos logo após sua iluminação, de acordo com a tradição budista que determina a entrada nos templos serem conforme a antiguidade da ordenação. Também pode ser observada a complementariedade de características entre os seus principais 10 discípulos, que concilia habilidade nas conversões, dedicação nas práticas de meditação e recitação, organização da Sangha diante dos assuntos mundanos, sensibilidade em apoiar as necessidades materiais mais urgentes das comunidades para poder introjetar os assuntos do Dharma na sequência, entre outros fatos. Pode-se observar pelos exemplos enumerados, as admoestações que Buda fazia aos discípulos que utilizavam os ensinamentos de forma leviana, tentando impressionar a sociedade ou ainda tirar proveito material da condição monástica. Em relação à descrição de seu filho Rahula, é possível refletir sobre o drama entre criar uma família e seguir uma vida religiosa, e compreender as sublimes palavras de Buda que diz que a maior herança que ele poderia ter deixado para seu filho foi o Dharma, que, superior a qualquer bem material, é algo imperecível. Por fim, é possível ver o esforço da participação das mulheres na Sangha, com grande contribuição de Ananda. Uma questão importante para enfatizar, diante desse estudo, é que o único entre os 10 principais discípulos que não estão destacados na assembleia para ouvir o Sutra do Lótus é o Venerável Upali. Em um momento posterior, será verificado se há algum significado especial neste fato ou não. Futuramente, pretende-se realizar outros recortes no Sutra do Lótus, para compartilhar nesta página. Conforme diversas vezes mencionado, muitas histórias dos discípulos são repletas de hagiologia, embora muitos fatos possam ter acontecido realmente.  


Referências
Tola, F; Dragonetti, C. Sutra do Lotus da Verdadeira Doutrina, 2006.




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