quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Qual a importância de buscar a espiritualidade nos dias atuais?

Quando fazemos uma reflexão a respeito da importância de termos uma religião, dificilmente deixamos de considerar o que os familiares ou amigos dizem: É preciso acreditar em alguma coisa!
Este é um dos primeiros elementos que nos inclina a selecionar algum grupo religioso e geralmente são demandados por conta de doenças, dificuldades financeiras e de relacionamentos sociais.
Como grande parte dos problemas que enfrentamos são reversíveis, no instante que os mesmos são sanados são atribuídas às divindades a solução derradeira do que foi superado. Algumas pessoas se tornam tão gratas com a sequência feliz dos fatos sucedidos que, em nome da resolução obtida, criam vínculos com as supostas "forças" que acreditam terem operado a seu favor. Assim como, também, tantos outros logo após finalizarem com "êxito" o seu "pedido" desfazem o elo evocado para a obtenção da graça, deixando as práticas realizadas para o último plano.  
Mas será que a espiritualidade é apenas uma necessidade do homem em acreditar em algo ou ainda uma maneira eficaz de se obter coisas?
Infelizmente, a cada dia que passa a sociedade responde positivamente esta questão. A espiritualidade se torna um mero apetrecho que as pessoas devem ter de forma social, de uma maneira bastante ponderada e de preferência que o seu sentido doutrinário mais profundo seja inexequível, pois se houver uma busca pela realização do ensinamento apreendido, o devoto não será bem visto e será tido como radical. Um religioso que interpretar o seu livro sagrado de uma maneira consciente e convicta, verá o seu círculo de amizade se afastar como o desembocar das ondas.
Para a superação das diversas questões materiais que nos dizem respeito, a ciência e as diversas ferramentas do mundo secular poderão resolvê-las. Quem tiver uma doença e for cuidadoso com a sua saúde, poderá encontrar meios adequados para extirpar a sua moléstia. Quem se dedicar ao trabalho e produzir com muita disposição, poderá reverter suas dificuldades financeiras e se tornar até mesmo uma pessoa próspera. Quem tiver dificuldades de relacionamento, se tomar nota de suas características hostis avessas a formação de vínculos, poderá se inclinar a uma mudança gradativa e tornar-se uma pessoa agradável. Todas estas situações tem em comum a condição do indivíduo conseguir reverter seus problemas mais proeminentes por seus próprios esforços.
Pois bem, indo adiante no raciocínio a respeito da importância da busca pela espiritualidade, temos algumas considerações importantes a fazer.
O indivíduo que procura ensinamentos que sejam coerentes e tenham um cunho de tradicionalismo, passa a conviver mais com referências que o estimule a reflexão de seus limites. É muito mais importante estar atento às coisas que fazemos, à disciplina que temos diante das obrigações, do que criar rotinas que privilegiem as orações sem uma fundamentação coesa com a realidade vivida. A religiosidade viva passa a ser "exalada" quando o praticante reflete suas boas intenções em seus gestos, palavras e ações. Mas esta obstinação não deve ter o intuito de ostentar uma pessoa exemplar, deve ser uma conduta que vise a melhoria do próprio indivíduo, em relação a ele mesmo. O tempo em que a pessoa fica reclusa em oração ou estudo não são parâmetros para refletir a concretude e bondade de suas realizações. 
Nestes últimos anos temos percebido uma série de transformações nas relações sociais, e se perdermos o foco de questões sagradas, temos o risco de ficarmos submersos aos aparatos que a sociedade atribui como prioritários. Dentre as mudanças que percebemos não podemos deixar de estarmos revestidos de valores, pois a busca pela aceitação dos diversos grupos que estamos inseridos, nos faz perder a capacidade de reflexão.  
Quem conseguir enxergar a espiritualidade descontextualizada de interesses, poderá se aproximar mais do sentido contemplativo proposto por uma doutrina. A vida não é composta apenas por religião e filosofia, mas sem a presença de ambas, o sentido mais sagrado de nossa existência deixa de ser compreendido.
O caminho para auto-realização tem o seu elevado valor por si mesmo, mas como os seres humanos são arrastados somente por coisas que podem ser quantificadas e qualificadas, vivem, conforme cita o Buda no Sutra do Lótus, uma vida insignificante do ventre ao cemitério.   



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